Loções tópicas e géis

2024 Tendências na administração tópica de medicamentos: Perspectivas e inovação

Publicado por Ashley Rezak em 18/01/2024

A administração tópica de medicamentos tem sido há muito tempo uma via relevante de tratamento para várias patologias. Desde as pomadas simples usadas pelas civilizações antigas até as formulações sofisticadas atuais, o progresso nesse setor representa a convergência da biologia, da química e da tecnologia inovadora. Mas o papel de um medicamento não só tem a ver com o efeito terapêutico. O meio de administração (os excipientes) desempenham uma função indispensável para determinar a eficácia, a estabilidade e o desempenho geral de um produto tópico.

No mundo dos produtos farmacêuticos, os excipientes são os heróis desconhecidos; eles podem influenciar tudo, desde a absorção do medicamento na pele até sua vida útil. Eles são muito importantes para a pesquisa e desenvolvimento, o que garante que os medicamentos sejam não apenas eficazes, mas também fáceis de usar pelos pacientes. Este artigo explora o impacto transformador dos excipientes na administração de medicamentos tópicos, destacando tecnologias comprovadas e uma tendência crítica que está influenciando os produtos tópicos atuais.

Tecnologias avançadas de excipientes

Recentes pesquisas descobriram diversas tecnologias de excipientes que aumentam a eficácia, a estabilidade e a facilidade de uso das formulações tópicas. Por exemplo:

1. Intensificadores de permeação

Os intensificadores de permeação são substâncias que promovem a absorção de medicamentos; geralmente, eles reduzem de forma temporária a função de barreira do estrato córneo, a camada mais externa da pele, possibilitando assim uma maior penetração. Alguns intensificadores de permeação comuns incluem:

  • Ácidos graxos: Estes compostos, como o ácido oleico e o ácido linoleico, têm demonstrado aumentar a fluidez dos lipídios nas camadas mais externas da pele, o que melhora a absorção do medicamento. Estudos mostram que formulações que contêm certos ácidos graxos podem aumentar consideravelmente a absorção do medicamento.
  • Surfactantes: Eles podem ser categorizados em três classes: aniônicos, catiônicos e não-iônicos. A melhoria da administração de medicamentos é influenciada por vários fatores, incluindo a presença de grupos funcionais, o comprimento da cadeia de hidrocarbonetos, o grau e a posição da insaturação e se são usados sozinhos ou em combinação.
  • Sulfóxidos: O dimetilsulfóxido (DMSO) é um exemplo bem conhecido por suas propriedades de aumento da absorção. ​​​​​​​Foi observado que as formulações tópicas com DMSO aumentam as taxas de administração de medicamentos em 70% ou mais em certos casos.1

No entanto, é importante salientar que foram relatados efeitos colaterais para os pacientes, como irritação, com alguns desses intensificadores de permeação tradicionais. Portanto, tecnologias alternativas entraram em cena, como ciclodextrinas ou excipientes que permitem emulsões com estruturas de cristais líquidos para melhorar a administração de medicamentos. Muitos deles já estão cadastrados no Banco de Dados de Ingredientes Inativos (IID) da FDA.

2Polímeros SMART

Os polímeros Smart são materiais responsivos que passam por mudanças significativas, frequentemente reversíveis, em reação a estímulos externos como temperatura, pH ou luz.

  • Polímeros termorresponsivos: Esses polímeros sofrem gelificação à temperatura corporal, garantindo a retenção prolongada do medicamento na pele.
  • Polímeros responsivos ao pH: Especialmente úteis para condições de pele doentes com pH alterado, esses polímeros podem determinar as alterações de pH e liberar o medicamento conforme a esse registro.
  • Polímeros fotorresponsivos: Acionados pela luz, esses polímeros estão sendo estudados na área de liberação controlada de medicamentos.

3. Polímeros mucoadesivos

A mucoadesão descreve as forças atrativas entre um material e o muco ou uma membrana mucosa. Muco e membranas mucosas são encontrados em várias áreas do corpo humano, desde a boca, garganta e cavidade nasal até partes dos olhos, reto ou vagina. Os excipientes mucoadesivos são benéficos para a administração eficaz de medicamentos em formulações tópicas destinadas a essas áreas.

Para que um excipiente seja mucoadesivo, ele deve ser um polímero hidrofílico sintético ou natural contendo grupos funcionais que possam interagir com glicoproteínas mucinas. Essa interação ocorre por meio de ligações não covalentes, como pontes de hidrogênio, forças de van der Waals e interações iônicas. Alguns exemplos de excipientes são:

Um estudo mostrou que os carbômeros, em comparação com outros materiais (incluindo carragenina e Na-CMC), especialmente os polímeros Carbopol® proporcionam a maior retenção mucoadesiva ao longo do tempo, inclusive após 30 minutos. 2

4Nanoencapsulamento

Por meio da redução do tamanho da molécula do medicamento para o nível nano, é possível superar a barreira da pele e aumentar a absorção.

  • Lipossomas e Niosomas: Estas nanopartículas feitas de lipídios podem melhorar a estabilidade e a capacidade de absorção do medicamento.
  • Nanoemulsões: As nanoemulsões à base de água e óleo melhoram a solubilidade do medicamento e a permeação cutânea.
  • Nanopartículas de lipídio sólido (SLN): Com mecanismo de liberação controlada, as formulações de SLN podem manter a liberação do medicamento por períodos prolongados, garantindo efeitos terapêuticos mais duradouros.

Tendência: melhoria da impressão sensorial e da conformidade do paciente

Um dos desafios mais significativos no cenário farmacêutico não é apenas desenvolver medicamentos eficazes, mas também garantir que os pacientes os utilizem de forma correta e consistente. Os excipientes modernos desempenham um papel crucial na garantia de que os medicamentos tópicos sejam potentes e fáceis de usar pelos pacientes. Veja como a evolução dos excipientes está incentivando a maior aceitação dos pacientes:

1. Textura e estética

A sensação tátil de uma formulação pode influenciar muito a decisão do paciente de adotá-la. As taxas de aceitação baixas (40%-70%) foram ligadas aos atributos do produto, como características cosméticas deficientes.3 A inclusão de certos tipos de ingredientes que visam aprimorar as propriedades sensoriais é essencial para aumentar a adesão do paciente.

  • Emulsificantes: O emulsificante é o ingrediente que estabiliza a emulsão. Os emulsificantes não-iônicos, como os Pemulen™Emulsificantes poliméricos, em particular, são considerados não irritantes e proporcionam ótima estética, sensação e absorção do medicamento.
  • Emolientes: Emolientes, tais como Glucam™ P-20 Distearate emollient, são usados em preparações tópicas para conferir lubrificação, facilidade de distribuição, textura e suavidade da pele. Também combatem os efeitos potencialmente ressecantes ou irritantes dos surfactantes na pele.
  • Um umectante é uma substância que promove a retenção de umidade na pele. Certos ingredientes, como os umectantes Glucam™, proporcionam uma sensação residual leve e acetinada às formulações para a pele e são eficazes na redução da aderência da glicerina. Essa maior umidade também pode aumentar a solubilidade de um ingrediente ativo, o que, por sua vez, pode incrementar a absorção pela pele, beneficiando ainda mais o paciente.

2. Irritação mínima

A irritação da pele induzida pela formulação do medicamento pode dissuadir significativamente os pacientes de continuar com um tratamento e é uma causa comum de não aceitação dos pacientes aos medicamentos tópicos.4-6

  • Ceramidas: Essas moléculas lipídicas podem reconstituir a barreira natural da pele, reduzindo as chances de irritação.
  • Vitamina E e seus derivados: Por agir como antioxidantes, eles podem neutralizar o potencial de estresse oxidativo de outros ingredientes,
  • Aloe Vera e alantoína: Conhecidos por suas propriedades calmantes, esses ingredientes podem aliviar a irritação e melhorar o processo de cicatrização da pele.

3 Maior estabilidade e vida útil do medicamento

A eficácia de um produto pode ser comprometida se ele se degradar com rapidez excessiva, o que pode levar à diminuição da confiança e da aceitação do paciente.

  • Agentes quelantes: Ingredientes como o EDTA podem se ligar a íons metálicos que aceleram a degradação, o que garante uma vida útil mais longa.
  • Antioxidantes: Compostos como o hidroxitolueno butilado (BHT) ajudam a prevenir a degradação oxidativa de ingredientes sensíveis, o que resulta em formulações que mantêm sua eficácia por longos períodos.
  • Ingredientes que não promovem o crescimento microbiano: Alguns excipientes sintéticos, como os carbômeros, não favorecem o crescimento de fungos ou bactérias, resultando em um produto final estável no qual os pacientes podem confiar. Os carbômeros também oferecem um alto valor de rendimento, o que pode suspender as partículas do medicamento permanentemente em uma formulação. Isso evita a necessidade de misturar ou agitar o produto final, garantindo uma longa vida útil.

Conclusão

Os tópicos hoje desempenham um papel cada vez mais importante no tratamento de primeira linha, pois podem ter benefícios significativos sobre as vias sistêmicas de administração. No entanto, com esse aumento de importância, vêm as demandas amplificadas dos consumidores e a necessidade de diferenciação em um mercado altamente competitivo. Pacientes que buscam produtos tópicos têm altas expectativas em relação às propriedades sensoriais, estéticas e à eficácia do medicamento, o que influencia sobre o mercado e sobre a maneira como os formuladores destacam seus produtos. A melhor maneira de obter essas propriedades é por meio da seleção estratégica de tecnologias avançadas para a fabricação de excipientes que tenham propriedades comprovadas de desempenho e otimização sensorial.

Saiba mais sobre as principais tendências de administração de medicamentos tópicos em nosso webinar lançado recentemente: 2024 Trends in Topical Drug Delivery: Insights & Innovation - Lubrizol

Referências:

  1. Tarrand, J., LaSala, P., Han, X.-Y., & Kontoyiannis, D. (2012, May). Dimethyl Sulfoxide Enhances Effectiveness of Skin Antiseptics and Reduces Contamination Rates of Blood Cultures. National Library of Medicine. Extraído em 19 de janeiro de 2024, de https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3347107/
  2. Rezak, A. & The Lubrizol Corporation. (n.d.). Mucoadhesive Polymers in  Pharmaceutical Formulations. https://www.lubrizol.com/-/media/Lubrizol/Health/Literature/Mucoadhesive-Polymers-in-Pharmaceutical-Formulations.pdf. Extraído em 18 de janeiro de 2024, de https://www.lubrizol.com/-/media/Lubrizol/Health/Literature/Mucoadhesive-Polymers-in-Pharmaceutical-Formulations.pdf
  3. Estudo de 2017, publicado no Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology
  4. Devaux, S., Castela, Â., Archier, E., Gallini, A., Joly, P., Miséry, L., Aractingi, S., Aubin, F., Bandyopadhyay, D., Cribier, B., Jullien, D., Maître, M., Richard, M., Jp, O., & Paul, C. (2012). Adherence to topical treatment in psoriasis: a systematic literature review. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, 26(s3), 61–67. https://doi.org/10.1111/j.1468-3083.2012.04525.x
  5. Chovatiya, R., MD PhD. (25 de Julho de 2022). Factors affecting patients adherence in topical therapies. Dermatology Times. https://www.dermatologytimes.com/view/factors-affecting-patients-adherence-in-topical-therapies
  6. Jorge, L. L., Feres, C. C., & Teles, V. E. (2010). Topical preparations for pain relief: efficacy and patient adherence. Journal of Pain Research, 11. https://doi.org/10.2147/jpr.s9492

 


Ashley Rezak

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