Nos últimos anos, a necessidade de colocar regularmente o paciente no centro das decisões de fabricação e desenvolvimento tem sido fundamental na indústria farmacêutica. Com a imensa concorrência global no mercado, as empresas estão ansiosas para se diferenciar de seus concorrentes. Isso é particularmente importante para medicamentos de venda livre, quando os pacientes têm o poder de escolher seus próprios tratamentos. Consequentemente, seja desenvolvendo novos medicamentos ou tentando estender o ciclo de vida de formulações mais antigas, considerar a experiência do paciente tem um papel significativo na tomada de decisão.
Neste blog, a Lubrizol Life Science Health (LLS Health) explora o significado da centralização no paciente e as principais considerações que as empresas farmacêuticas devem ter em mente para garantir o desenvolvimento bem-sucedido de um medicamento realmente centrado no paciente.
O que a centralização no paciente significa nos dias de hoje
Desenvolver um medicamento centrado no paciente significa criar remédios que produzem uma experiência positiva para o usuário final. Existem muitos fatores que entram em cena, por exemplo:
- Como o produto será administrado?
- Com que frequência um paciente precisa administrar o produto?
- Qual é o sabor ou sensação tátil do produto?
- Quais são os potenciais efeitos colaterais?
No entanto, desenvolver medicamentos com uma experiência ideal não é uma tarefa fácil, uma vez que muitos desses fatores apresentam desafios. Os sólidos orais, por exemplo, são uma das formas mais fáceis e convenientes de tratamento que um paciente pode se autoadministrar, especialmente os mais idosos com problemas de destreza. Entretanto, medicamentos administrados por via oral podem causar irritação gastrointestinal (GI) e outros efeitos colaterais, como diarreia e náusea, quando comparados a medicamentos que utilizam outras vias de administração, como a tópica.
Portanto, é importante equilibrar com cuidado esses fatores para otimizar a experiência do consumidor e, ao mesmo tempo, alcançar o melhor resultado e eficácia de tratamento.
Superando desafios centrados no paciente
Para distinguir um medicamento e as opções similares disponíveis, é essencial oferecer outros benefícios exclusivos ao paciente. Tratar de alguns dos desafios que os pacientes enfrentam pode ajudar a diferenciar um medicamento, além de influenciar a preferência do paciente.
Desafio 1: Administração inconveniente
Embora a administração oral de medicamentos oferecer vários benefícios, muitos pacientes acham difícil engolir comprimidos na forma sólida, particularmente crianças e idosos. Isso pode resultar em baixa adesão do paciente: em um estudo de 2013 do European Journal of Clinical Pharmacology, observou-se que 37 % dos adultos tiveram dificuldade de engolir comprimidos e, por isso, 10 % pararam de tomar a medicação. Desenvolver um comprimido menor com o mesmo nível de ingredientes farmacêuticos ativos (IFA) pode ajudar a superar esse problema, mas isso pode ser desafiador. Uma vez que, em geral, a quantidade de ingredientes farmacêuticos ativos deve permanecer a mesma, normalmente um excipiente ou excipientes com um nível de uso mais baixo são necessários para reduzir o tamanho do comprimido oral.
Soluções orais também podem ser uma alternativa a comprimidos orais que são difíceis de engolir. Entretanto, elas apresentam seus próprios desafios, como o sabor ou a necessidade de "agitar bem antes de usar".
Muitas vezes, o frasco precisa ser agitado para que o ingrediente farmacêutico ativo e outros ingredientes sejam distribuídos de forma homogênea, uma vez que a sedimentação comumente ocorre quando um produto está em repouso. Sem a agitação adequada, a dosagem pode se tornar inapropriada. Técnicas de formulação que aproveitam excipientes avançados podem garantir que os ingredientes permaneçam em suspensão permanente e estável durante o armazenamento, eliminando a possibilidade de dosagem inadequada e a necessidade de os pacientes se lembrarem de agitar bem antes de usar.
Desafio 2: Efeitos colaterais desagradáveis
Uma razão comum que faz um paciente preferir usar um medicamento em vez de outro é o fato de apresentarem menos efeitos colaterais comparado às alternativas. Em casos em que os sintomas forem leves, um estudo demonstrou que os pacientes tiveram uma preferência mais forte por um medicamento menos eficaz com menos efeitos colaterais em comparação a um medicamento mais eficaz com efeitos colaterais adicionais1.
Como mencionamos acima, a administração oral tradicional às vezes pode causar irritação ao trato GI. Soluções de liberação imediata podem liberar níveis inconsistentes de medicamento com o passar do tempo, causando flutuações que podem resultar em problemas sérios, como toxicidade ou tratamento ineficaz2. O uso de abordagens de liberação controlada pode aliviar efeitos colaterais garantindo um nível consistente de ingrediente farmacêutico ativo durante um período prolongado. Métodos de liberação controlada podem ser obtidos por meio da formulação, em que excipientes podem ser adicionados para ajudar a regular a taxa de liberação.
Além disso, efeitos colaterais comuns associados a medicamentos administrados oralmente às vezes podem ser anulados com o uso de vias de administração alternativas, como formas de dosagem tópicas que podem ser aplicadas diretamente no local de ação. Medicamentos tópicos têm o benefício de evitar o metabolismo de primeira passagem da digestão, bem como muitas vezes reduzir os níveis do medicamento na corrente sanguínea comparado a outros sistemas de administração, levando à redução de efeitos colaterais3.
Desafio 3: Frequência de dosagem
A frequência de dosagem está associada à adesão do paciente, com mais pacientes esquecendo de tomar múltiplas doses diárias em comparação a doses diárias únicas. Em um estudo, a adesão de pacientes com um cronograma de dosagem diária em comparação àqueles com uma dose três vezes ao dia foi de 79 % e 38 %, respectivamente4.
Formulações com liberação prolongada, em que o medicamento é liberado por um período estendido de forma controlada, podem reduzir a frequência necessária para a administração do medicamento. Essas formulações têm muitas vantagens sobre outras, incluindo diminuir a frequência de dosagem, reduzindo o risco de efeitos adversos tornando as concentrações de medicamento no sangue mais consistentes5.
Quando se trata de formulações tópicas, o uso de excipientes mucoadesivos também pode reduzir a frequência de dosagem. Esses excipientes específicos ajudam o medicamento a aderir ao local de ação, prolongando o efeito terapêutico sem ter que aumentar os níveis de ingrediente farmacêutico ativo, além de minimizar o escoamento do medicamento do local alvo.
Encontrar um parceiro focado no paciente
Não levar em consideração consistentemente as experiências do paciente nas decisões de desenvolvimento de medicamentos pode forçar os consumidores a procurar em outro lugar produtos que atendam às suas necessidades. Essa tarefa pode ser desafiadora, mas, trabalhando com um parceiro especializado em fornecer excipientes centrados no paciente e na formulação desses produtos, é possível infundir as características preferidas pelos pacientes nos medicamentos.
A LLS Health tem mais de 20 anos de experiência no suporte a seus clientes e no fornecimento de excipientes que conferem vantagens centradas no paciente. Para saber mais sobre como os pacientes estão impulsoinando a diferenciação na indústria farmacêutica e como a LLS Health pode ajudar, baixe o nosso infográfico ou fale conosco.
- Seyed-Hosseini M, Taylor J, Quest D. Discussing side effects of over-the-counter medicines: impact of adding percentage data. Int J Pharm Pract. 2010;18(5):275-281.
- Thedrattanawong, C., Manaspon, C., & Nasongkla, N. (2018). Controlling the burst release of doxorubicin from polymeric depots via adjusting hydrophobic/hydrophilic properties. In Journal of Drug Delivery Science and Technology (Vol. 46, pp. 446-451). Elsevier BV.
- Parfitt JR, Driman DK. Pathological effects of drugs on the gastrointestinal tract: a review. Hum Pathol. 2007 Apr;38(4):527-36.
- Paes AH, Bakker A, Soe-Agnie CJ. Impact of dosage frequency on patient compliance. Diabetes Care. 1997;20(10):1512-1517. doi:10.2337/diacare.20.10.1512
- Wheless, J. W., & Phelps, S. J. (2018). A Clinician's Guide to Oral Extended-Release Drug Delivery Systems in Epilepsy. The journal of pediatric pharmacology and therapeutics: JPPT: the official journal of PPAG, 23(4), 277-292. https://doi.org/10.5863/1551-6776-23.4.277